LUMINOSO AFOGADO
LUMINOSO AFOGADO de Al Berto é a primeira abordagem da companhia a um texto e a um autor português. A encenadora e actriz Zia Soares revisita, 20 anos depois, Al Berto, com quem trabalhava na altura da sua morte na adaptação e encenação de um texto do autor, “Lunário” – o espectáculo viria a chamar-se “O Canto do Noitibó”. Zia Soares trabalhava na sua primeira encenação e Al Berto fazia o seu último projecto artístico.
Texto Al Berto
Adaptação e encenação Zia Soares
Actores Chullage, Gio Lourenço, Zia Soares
Elocução Chullage, Filipe Raposo
Composição musical Chullage
Design de luz Eduardo Abdala
Espaço cénico Zia Soares
Movimento Maurrice
Figurinos Inês Morgado, Neusa Trovoada
Design de som soundslikenuno
Fotografia Abdel Queta Tavares, Grace Ribeiro, Pauliana Valente Pimentel
Design gráfico Neusa Trovoada
Produção executiva Urshi Cardoso
Produção Teatro GRIOT
Duração aprox. 55 min
M/16
LUMINOSO AFOGADO é uma espécie de linha da sombra, onde num confronto com o espelho, com a morte e com a passagem do tempo, alguém não se reconhece, está entre ser o que é e outro irrecuperável e ausente.
Espectros rompem a barreira entre vivos e mortos, refazem nexos com línguas reconfiguradas a partir de outras, cantadas, carpidas, silenciosas.
Um lugar onde o “silêncio é definitivo”, onde se oscila entre a memória e o esquecimento mais absoluto. Um mergulho onde se suspende a respiração noutro tempo, noutro lugar.
O cenário/figurino é um objecto escultórico construído a partir de redes de pesca usadas, que são sempre doadas por pescadores da região onde o espectáculo se apresenta.
As redes que compõem o objecto escultórico tecem-se em harmonia e desarmonia com a voz e os movimentos dos actores, ora transfigurando-se num vestido disforme e belo, ora num mar sombrio e grotesco.
Dois anos após a estreia em Lisboa, no Teatro da Trindade, o espectáculo apresentou-se em território africano, integrado na programação do Festival Mindelact 2018, em Cabo-Verde. Esta deslocação implicou uma reconfiguração face a este território, revelando-se essencial um novo olhar que abarcasse uma outra língua, uma outra fala, o crioulo, ela própria uma reconfiguração de outras.
"Em Luminoso Afogado, Al Berto existe morto e também enquanto morte, história e presente, lembrança e resposta. Assiste-se ao reconhecimento da própria morte e seu movimento ininterrupto."
Ruy Filho, crítico brasileiro da revista Antro Positivo